11 fatores de sucesso no artesanato

16/04/2019 | Empreendedorismo

Até pouco tempo, comprar um bom produto artesanal exigia certo esforço, um pouco de sorte e disposição. Era preciso ir até à oficina do artesão, às esporádicas feiras do segmento ou a lojas especializadas. Os produtos pouco se diferenciavam, na contramão do desejo dos consumidores ávidos por novidades. Hoje, é mais fácil encontrar peças interessantes. O que tem chamado atenção para os fatores fundamentais de sucesso no artesanato como segmento.

Esta situação vem mudando nos últimos anos. O artesanato ganhou um novo patamar no mercado e as unidades produtivas se profissionalizaram. Além disso, várias se consolidaram no mercado, chegando a exportar produtos e ganhar vários prêmios em feiras e exposições. Os consumidores mudaram a sua mentalidade e passaram a ver o artesanato com outros olhos. O que ampliou a demanda por produtos artesanais em substituição aos industrializados.

Essa crescente demanda gera necessidades de adequação das unidades produtivas e, consequentemente, influencia os artesãos a buscarem aprimoramento da gestão do seu negócio. Isso trouxe uma base de entendimento sobre quais são os fatores críticos para o sucesso do artesanato. É isso que você confere neste artigo.

Sucesso no artesanato

Os fatores críticos de sucesso representam os processos chave, que podem definir e promover o desenvolvimento e o crescimento de uma empresa. Eles devem ser observados em especial no artesanato, pois os artesãos devem estar sempre preparados para os desafios do mercado. Confira quais são esses fatores abaixo.

1. Adequação econômica

Adequação econômica significa processo de definição do preço de venda. O que pode fazer toda diferença para um negócio. Por isso, a formação de preços é uma atividade estratégica para o artesão. Especialmente no caso do artesanato, o preço inclui o valor simbólico das peças produzidas, além de pontos como os impostos, as despesas, os investimentos de melhorias, o lucro pretendido.

Por isso, o artesão precisa estar atento a todos os fatores que influenciam o preço de seu produto. Por exemplo: embalagem; qualidade, inovação da produção, matéria prima utilizada e utilidade do produto, e os preços praticados pela concorrência.

Além de entender a formação de preços, é essencial entender o processo de decisão de compra e saber que há quem busque diferenciais e há quem queira apenas o “mais barato”. Um estará disponível a pagar mais por valor agregado, o outro estará em busca apenas de quantidade.

2. Condições de trabalho

As condições de segurança e conforto ambiental são de fundamental importância, pois definem o grau de eficiência e desempenho de uma empresa. Iluminação, ventilação e climatização adequadas são deveres para com seus colaboradores.

Negligenciar os aspectos relativos à segurança no trabalho pode ser contraproducente para o negócio. Por isso, sempre observe o seguinte:

  • Ergonomia – mobiliário, excesso de peso e frequência de movimentação dos objetos.
  • Pontos físicos-ambientais – temperatura, ruído, iluminação, vibração.
  • Pontos químico-ambientais: partículas, elementos tóxicos e limite de aerodispersóides no ar.
  • Segurança do trabalho –rotinas de trabalho e equipamentos para emergências.

Tudo deve estar em ordem, pois condições de trabalho inadequadas comprometem o desempenho da empresa. Um bom ambiente de trabalho deve permitir o aumento da produtividade, reduzindo custos desnecessários de toda ordem.

3. Embalagem

A função da embalagem é de facilitar o transporte dos produtos. Mas, do ponto de vista prático, a embalagem deve identificar alguns aspectos ao que se vende. Por exemplo: procedência, matérias primas utilizadas e informações técnicas sobre o produto. Ela também atende necessidades específicas do mercado. Por isso, para o atacado, é preciso priorizar o acondicionamento. Entregá-lo em perfeitas condições ao lojista é fundamental. Já para o varejo, é importante pensar no design.

Além disso, a embalagem pode emprestar valor ao produto e promovê-lo. Por isso, ao planejar as embalagens, dedique o mesmo empenho dispensado à criação dos produtos, buscando soluções criativas. Por exemplo, faça uso de embalagem ecológica ou sustentável, crie sua própria linha a partir de restos do material utilizado na produção do artesanato. Isso pode fazer da embalagem a verdadeira “alma” do produto

4. Identidade e compromisso cultural

O mercado quer saber a origem e a história dos produtos. Essa informação é o que lhe confere o sentido de pertencimento a um lugar e de momento específicos, tal como percebemos no artesanato. Por isso, os produtos artesanais devem possuir uma espécie de “certidão de nascimento” que se relaciona à cultura de sua região de origem. Isso pode ser expressado por meio de traços, cores e texturas característicos da região de pertencimento do produto.
Como conseguir isso? Pesquisas sobre a identidade e a iconografia regional podem apontar o caminho. Isto porque elas podem revelar os elementos pictóricos, formais e cromáticos mais adequados a serem utilizados. Mesmo constantemente renovado, o produto deve manter algumas características fiéis ao repertório simbólico regional.

5. Organização da produção

A organização do processo produtivo dentro de uma unidade artesanal é fundamental, pois proporciona a melhoria da capacidade produtiva. Mas ele é considerado um dos principais gargalos no aumento das vendas e do desenvolvimento dos negócios. No artesanato a razão para isso está na falta de organização da produção para atender o crescimento da demanda de pedidos.

Para melhorar isso, mesmo no artesanato, é possível substituir e modernizar os processos, sem que isso descaracterize o produto artesanal. Por exemplo, um torno a pedal pode ser substituído por um torno elétrico. E também um forno a lenha por um forno a gás.

Além disso, no contexto da organização da produção, também é preciso pensar sobre o posicionamento de máquinas e equipamentos; rotinas de trabalho e tempos de tarefas. Quanto mais organizado esses processos estiverem, mais favorecerão o aumento da produtividade, a eficiência e a redução do prazo de entrega.

6. Planejamento

Este é um fator crítico que muitas vezes é deixado de lado pelos artesãos. Mas que merece toda sua atenção. Isto porque a existência de um plano de negócios e de planejamento estratégico – por mais simples que seja – demonstra que a gestão da unidade é exercida de modo profissional e proativo. Por outro lado, a falta de planejamento e de visão empreendedora pode fazer com que uma oportunidade de alavancar o negócio se transforme em um fracasso.
Assim como qualquer empreendedor, o artesão precisa entender a importância do planejamento e aplicá-lo da forma devida. Porquê? O planejamento é um processo contínuo, que inclui pontos importantes. Dentre eles, podemos citar: a identificação de objetivos; levantamento de pontos fortes e fracos; definição de metas, análise da concorrência e definição das ações para atingir os resultados desejados.

7. Política de inovação

No artesanato, inovar é fundamental. A inovação permite criar novas técnicas e modelos; incluir uso de novos materiais, sem que haja perda da identidade. Isto permite que o produto evolua nos setores econômico, cultural e ambiental.

Mesmo um produto consagrado pode ter suas vendas dinamizadas com pequenas mudanças. Por exemplo: mudança dos tamanhos; variações na aparência, formas e cores; alteração dos motivos, da destinação ou mesmo do uso. Para isso, pode-se criar nova família de produto a partir de algo já consagrado. E, a partir dele fazer uso de momentos específicos, como datas comemorativas e de celebrações para lançamento.

No entanto, o esforço de inovação não é trivial. Isto porque muitas pessoas ainda pensam que o artesanato não deve mudar. Esse pensamento não condiz com a realidade do mercado atual, ávido por inovações constantes, onde os consumidores querem ser surpreendidos, especialmente, por algo que lhes toque o coração e a mente.

Mas, como inovar sem perder as origens? Há muitas formas de se atualizar a produção artesanal. Mas, para criar novidades, singulares e atraentes, é necessário saber o que o mercado deseja e necessita. Pesquisas de demanda são essenciais e menos complicadas ou custosas do que se pensa, podendo contribuir para ampliar os ganhos e o sucesso no artesanato.

8. Práticas comerciais

O processo de comercialização é sempre um desafio e tem dois pontos críticos: 1. a dependência de lojistas para acessar o mercado, e 2. a necessidade de se apropriar de fatia maior do preço final. Qual a solução? Criar mecanismos para acessar o consumidor final.

Também é importante se profissionalizar, pois o artesanato se tornou um negócio, e como tal, precisa favorecer toda a cadeia produtiva do segmento. Artesãos que não cumprem prazos, atrasam entregas, não mantêm a qualidade dos produtos e mudam os preços a todo tempo estão fadados ao fracasso.

Além disso, o artesão deve conhecer seu público alvo para estabelecer suas estratégias de venda, levando em consideração as peculiaridades de cada mercado, como atacado e varejo, que têm necessidades diferentes.

Também são fundamentais na comercialização a divulgação e as promoções. Atualmente, as mídias sociais podem ser aliadas do negócio, pois permitem alcançar públicos específicos, e até para novos consumidores. Por isso, aprenda a utilizá-las da forma adequada para seu.

Outros processos de comercialização envolvem a participação em feiras e rodadas de negócios. São ambientes para conquistar novos clientes, testar a aceitação de um produto, conhecer melhor o mercado e as tendências do segmento.

A comercialização pode se dar também por meio de loja própria ou associada. Para montar e operacionalizar uma loja de artesanato, existem vários custos envolvidos. Mas já existem soluções colaborativas, que geram experiências valiosas para os clientes.

9. Qualidade dos produtos 

O mercado quer produtos com qualidade visível. O fato de o produto ser artesanal não significa que seja rudimentar e sem qualidade. Ao contrário, deve primar pela qualidade de execução e de acabamento. Para que isso, você deve levar em consideração todos os pontos anteriores, e também estes:

  • Estética: a harmonia e o equilíbrio tanto na forma quanto no uso das cores e dos motivos; o uso de materiais locais; símbolos regionais e contexto cultural são alguns dos atributos que definem um produto artesanal.
  • Acabamento: diferencial competitivo para o artesão. Por isso é preciso ter o acabamento mais adequado possível. Quando ele é inadequado, o produto perde qualidade no formato, aumentando o consumo de matéria-prima e reduzindo interesse do consumidor.
  • Novos materiais: diferentes materiais usados nos produtos garantem a capacidade de inovar e agregam qualidade. A experimentação pode se dar por novas tecnologias de produção, facilidades de acesso online a materiais e pela sustentabilidade.
  • Uso: dependendo do tipo de uso, a qualidade do produto, a facilidade de manuseio, limpeza e manutenção são fundamentais. Peças utilizadas, por exemplo, para expor alimentos ou bebidas devem ser fáceis de limpar e dar manutenção.

10. Responsabilidade social

Responsabilidade social significa ajudar a formar a próxima geração de artesãos. Inclusive, transmitindo a outros o seu saber fazer. Tudo para que os profissionais da área sejam cada vez melhores e ainda mais conscientes e, consequentemente, tornem-se multiplicadores desses saberes.

Isto ajuda a ampliar os negócios de quem compartilha o conhecimento e também de quem o aprende. E, quando uma unidade artesanal cresce, necessita de mais colaboradores, e para isso tem de se programar para capacitá-los e treiná-los para o trabalho. Esta é uma tarefa muito importante.

11. Sustentabilidade

O mercado e os consumidores estão cada dia mais conscientes e preocupados com as questões ambientais. Por isso, estão começando a exigir atestados da origem das matérias-primas, assim como do impacto da produção sobre o meio ambiente.

Nesse cenário, insumos e materiais perigosos, poluentes e tóxicos não devem ser mais utilizados. Por exemplo aqueles presentes em muitas colas, vernizes e agentes químicos. Isto porque o mercado quer produção limpa. Por isso, a preocupação com o manejo das matérias-primas se tornou questão de sobrevivência da atividade artesanal.

Neste contexto, a integração da sustentabilidade ao artesanato ganha espaço e pode ser um incremento do produto e do processo produtivo. Isso pode proporcionar diminuição de custos, a partir da busca pelo racionamento e reaproveitamento dos recursos naturais; da otimização da produção e ainda pela preferência por fornecedores responsáveis. Isto também ajuda a promover a conscientização dos envolvidos na cadeia produtiva, incluindo os clientes.

O artesanato, por ter caráter mais sustentável e social de produção, é uma forma de expressão. Como tal, pode comunicar que é possível ter retorno econômico a partir do uso de formas adequadas de produção. Explorar essas informações e comunicar isso aos clientes pode traz diferencial ao negócio.

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