Com vontade de expandir seus negócios e aumentar o lucro? Já pensou em franquear?

Num processo de franqueamento você expande o seu negócio sem ter de lidar diretamente com novas instalações ou gerenciamentos, mas mantendo o padrão da marca. Essa é uma opção para empreendimentos que já alcançaram a maturidade em seus mercados, mas desejam crescer para outros. No entanto, não se engane, criar uma franquia exige planejamento, dedicação  e um plano de negócios coeso. Além disso, a empresa deve reunir um conjunto de características específicas que potencializam essa implementação.

Em 2021, as franquias mineiras cresceram 15,3% e faturaram mais de R$14,5 bilhões, segundo a ABF – Associação Brasileira de Franchising. O crescimento caracteriza um bom cenário reestabelecido para a atuação das franquias. Em Minas Gerais os dados foram ainda melhores do que em território nacional, que marcou um crescimento nominal de 10,7%.

Mas, como saber se o meu negócio está pronto para esse passo? Você corre o risco de perder dinheiro? Essa transformação pode abalar o que você já conquistou? Essas e outras respostas sobre franquias você tem aqui!

A franquia, ou franchising, é a concessão de um direito de uso marca a outra pessoa que irá replicar o negócio em outra unidade, expandindo as regiões de atuação do empreendimento.

Nessa relação se estabelecem duas partes que trabalham no sistema de parceria:

O franqueador O franqueado
Detentor da marca (propriedade intelectual) e do negócio. Operador da marca localmente.

Vale ressaltar aqui que essas partes atuam num sistema cooperativo de parceria e NÃO se estabelece a dinâmica patrão – empregado.

Pilares

1) A marca:

Sem marca não há franquia e o estabelecimento da franquia pressupõe a cessão de direito de uso da marca registrada. Portanto, se você ainda não tem a sua marca registrada esse é um passo fundamental.

2) Padronização:

Para ser franqueador você precisará vender um conceito que esteja validado e comprovadamente se sustente financeiramente. A padronização aqui é muito importante, pois é ela que garante a clonagem perfeita desse modelo. Logo, é fundamental que além de testado e aprovado o seu modelo seja replicável.

3) Suporte:

É obrigação do franqueador fornecer o modelo do negócio passo a passo, bem como o acompanhamento necessário para essa implementação.

Importante! O futuro empreendedor e potencial franqueado pode não conhecer o seu negócio ou mesmo o ramo de atuação, portanto, ele conta com o seu suporte para tornar a nova franquia um sucesso.

4) Pagamento de taxas:

o sistema de franquias pressupõe o pagamento de taxas específicas pelo franqueado ao franqueador.

Termos mais comuns

Durante o processo de franqueamento você irá se deparar com diversos termos que não está familiarizado, por isso reunimos alguns mais importantes aqui:

  • Análise de franqueabilidade: estudo de viabilidade que analisa as reais condições da empresa e avalia se ela tem as características necessárias para um processo de franchising
  • Circular de Oferta de Franquias (COF): documento jurídico que regulariza todas as condições, expectativas, normas e especificidades do franqueamento de uma marca. É o documento fundamental desse acordo e tem uma série de exigências a serem cumpridas perante a lei.
  • Taxa de franquia: valor pago pelo franqueador no momento da adesão. Trata-se de um pagamento único referente à concessão pelo uso da marca.
  • Royalties: retorno financeiro periódico dado pelo franqueado ao franqueador. O seu cálculo, bem como periodicidade, devem ser explicitados na COF. Não existem valores mínimos ou pré-determinados para o formato perante a lei.
  • ABF – Associação Brasileira de Franchising: entidade sem fins lucrativos, fundada em 1987, que representa oficialmente o sistema de franquias brasileiro.

Para um empreendedor  que deseja entrar no mercado, a franquia é uma opção mais rápida e segura de realizar esse movimento com um suporte especializado. Nesse cenário, o detentor da marca (franqueador) disponibiliza os seus conhecimentos na área e o futuro empreendedor (franqueado) tem um padrão de negócio, testado e aprovado, para seguir de uma marca já estabelecida e bem sucedida.

E para o franqueador quais são as vantagens?

A principal delas certamente é o sistema de parceria que se estabelece. É fundamental que o franqueador tenha em mente que a parceria não se estabelece por um status de patrão – empregado, e sim por uma relação de troca onde os dois oferecem e os dois colhem os frutos do resultado.

Atenção! O franqueador receberá um investimento externo (do franqueado), mas isso não significa que não terá custos com essa implementação! Pelo contrário, franquear demanda investimentos e manutenção constante, portanto faz parte do processo mobilizar recursos para outras ações necessárias a esse processo.

Conheça algumas vantagens desse investimento:

  1. Atuação em rede: apesar de ser a referência do negócio e ditar as diretrizes das franquias, você está dividindo responsabilidades. É preciso estar atento e acompanhar os encaminhamentos dos franqueados, mas isso também alivia rotinas de gestão diárias que acabam pesando muitas vezes.
  1. Diluição de riscos: você é o investidor majoritário da sua marca, mas não é o único. Com isso você compartilha as responsabilidades e também os riscos. É fundamental aqui ter um conceito que tenha diretrizes e regras claras de implementação e manutenção.
  1. Desejo de fortalecer a marca: ampliando a marca territorialmente você está ampliando a sua presença, mas também a sua potência de discurso. O formato permite que você estabeleça um diálogo mais próximo e efetivo com quem está no mercado dessa nova localidade. Para esse desenvolvimento é importantíssimo manter um discurso alinhado, assim você evita que a capilaridade não dissolva também a identidade da sua marca.
  1. Criar barreiras para a concorrência: maior presença no mercado cria oposição à concorrência que já exista ou que possa vir a existir em regiões que a marca ainda é pouco conhecida. As franquias são uma forma de manter uma maior presença na sua área em diferentes mercados, minando as possibilidades de concorrência.

Antes de se apegar às vantagens do franqueamento é muito importante que você tenha em mente de maneira clara os seus objetivos e vontades. As potencialidades dessa modalidade estão de acordo com o que você deseja para o seu negócio?

Apesar de ser uma ótima opção para a expansão, ela pode trazer algumas características intrínsecas que não vão de encontro aos seus desejos ou possibilidades no momento. Tenha em mente que, ao seguir pelo caminho do franchising, não necessariamente você terá menos trabalho, apenas terá um trabalho de outra natureza.

Vetores de atuação

Três vetores de ação estruturam o sistema de franquias e você deve estar ciente que lidará com eles a todo momento:

a) Mercado:

É o objetivo – tornar sua marca mais conceituada e referência no setor.

b) Financeiro:

O aporte financeiro é fundamental, pois mesmo não investindo diretamente na construção de uma nova unidade você precisará criar um sistema de suporte constante e gerenciamento para os seus franqueados.

c) Gerencial:

Esta é uma relação de parceria empresarial, um sistema de rede na qual você é a central de referência e suporte, portanto é necessário criar uma estrutura coesa e com uma comunicação dinâmica para a manutenção de resultados.

O quarto pilar: a comunicação é um elemento tão importante nessa estrutura que ela se torna quase um quarto pilar, portanto, não subestime-a. Utilize tudo que tiver ao seu alcance de tecnologia e estrutura para promover uma comunicação direta e clara com os seus franqueados.

Obrigações do franqueador

Quer ser um franqueador? Conheça algumas das obrigações que essa construção demanda:

  1. Fornecer o manual de funcionamento da marca.
  1. Fornecer o suporte necessário para que o franqueado possa gerenciar corretamente a franquia.
  1. Fornecer seu conhecimento e expertise sobre o mercado de atuação de uma maneira clara e objetiva para que o franqueado realize uma boa execução.
  1. Fornecer estrutura de marketing externo apropriada que faça a divulgação do negócio como um todo, inclusive das franqueadas respeitando suas especificidades.

Vale lembrar que uma franquia bem sucedida é fundamental para ambas as partes do acordo, do contrário o prejuízo é para a marca.

Características do modelo de negócio

Listamos abaixo algumas características desse modelo de negócios que você deve ter em mente:

  • Equipe capacitada: ao estabelecer uma franquia, além de contratar uma consultoria especializada para a realização desse processo, é preciso que você tenha uma equipe interna capacitada para lidar com o formato. Você não estará lidando diretamente com a rotina de uma unidade de vendas, mas terá outras questões e relações para gerir, além de estruturar uma comunicação interna e externa forte e que auxilie na coesão desse processo.
  • Desejo de atuar em rede: com uma rede de franquias você precisa estar disposto a atuar em rede, isso demanda planejamento estratégico, forte discurso unificado e acompanhamento.
  • Menor controle de operação de vendas: nesse cenário você tem menor controle na operação de vendas da ponta, para que ela mantenha o padrão de qualidade que você almeja é necessário um manual bem feito e acompanhamento periódico.
  •  Ser suporte constante: é dever do franqueador fornecer todo o suporte para um franqueado em todos os momentos. Portanto, você tem de estar preparado estruturalmente para isso. Não se engane, ao estabelecer uma franquia você não está somente “vendendo uma unidade” que não precisará mais da sua atenção

Um planejamento mal feito ou incompleto pode ocultar características de um negócio imaturo e que ainda não está preparado para o sistema de franquias. A estruturação desse processo e as condições que você oferece ao seu franqueado são fundamentais para uma relação comercial bem sucedida.

 

Não delegue a função de vendas!

Lembre-se que as franquias são negócios interessantes, principalmente, para quem está entrando no mercado e não tem ainda tanta experiência. Portanto, você precisa guiá-lo com precisão.
Um erro comum no processo de franchising é o franqueado replicar o modelo do seu negócio e delegar a função de vendas para os vendedores, muitas vezes sem qualquer tipo de treinamento ou alinhamento com as diretrizes da marca.
Assim sendo, mantenha-se próximo da franquia, sobretudo nos meses iniciais de sua instalação, esse é um período crucial. Tenha em mente que se um perde, os dois perdem.

Agora que você já sabe as vantagens e características intrínsecas para o  franqueamento, fica a pergunta: o que é preciso fazer para franquear?

A primeira medida necessária é contratar uma consultoria especializada na área para te auxiliar no planejamento estratégico dessa expansão. A partir de então se estabelecerá uma etapa fundamental: a análise de franqueabilidade.

Por mais que você se identifique com os objetivos do franchising, é preciso avaliar metodicamente se a sua marca está preparada para enfrentar esse momento e, se sim, como.

A questão central aqui será: o seu negócio tem um modelo replicável?

Durante a análise de franqueabilidade as finanças, o planejamento estratégico, o marketing e a capacidade de transmissão de conhecimentos de processos do empreendimento serão testados. Todas essas etapas são fundamentais para garantir a padronização da marca e o controle de qualidade

Análise de franqueabilidade

Listamos aqui algumas características a serem avaliadas ou elaboradas nessa etapa e que, posteriormente, poderão ser utilizadas na base do planejamento estratégico. Encare esse momento como um comprometimento crucial que você tem com o sucesso do seu negócio.

  1. Situação da Marca: a empresa precisa ter a marca registrada no INPI. Ao franquear você está vendendo o direito de uso da marca, portanto é fundamental que você seja o detentor legal dessa marca.
  1. Potencial de escalonar a produção: a sua estrutura atual tem margem para aumentar a produção? Se não, é possível fazer isso de uma forma que não prejudique a qualidade do seu produto? Se sim, você tem o investimento necessário para essa implementação?Por exemplo: se você tem um negócio que depende de uma matéria prima restrita na natureza ou que já está em sua capacidade máxima de extração não tem como você aumentar a produção do produto. Ou ainda, se você tem um produto alimentício que não é possível compartilhar a receita sem perda para a marca, a sua cozinha central dá conta de atender a todos os franqueados?
  1. Comunicação: o seu negócio tem uma comunicação bem estabelecida e seus meios online e offlines integrados? Fez a transição para o digital de uma maneira consolidada? Independente da sua modalidade de vendas, o negócio precisa ter uma comunicação online eficiente, pois só assim ele poderá manter a padronização e relação com os franqueados.
  1. Marketing capacitado: você tem uma equipe capacitada para encarar as diferentes realidades das franquias? Por mais que as diferenças sejam minimizadas com a seleção dos franqueados e das localidades, é preciso que o marketing mantenha o seu olhar aberto para as necessidades diferentes que surgem em cada espaço de atuação e estar disposto a geri-las de forma eficiente e unificada. O marketing realizado para um espaço é diferente do necessário para uma rede.
  1. Estrutura e recursos para melhorias: você tem capital de giro para investir em melhorias? Elas serão necessárias nos âmbitos estrutural e organizacional, com investimentos em profissionais especializados e talvez em ajustes na produção ou nos pontos de venda. Será necessário uma adaptação para que tudo se torne mais funcional e facilmente replicável.
  1. Posicionamento no mercado: a sua marca está bem posicionada? Tem clientes fiéis e que conhecem bem a marca no seu território de origem? Isso será fundamental para a expansão, porque a partir do perfil desse público será possível identificar onde mais é provável encontrar o mesmo recorte de consumidores, além disso um discurso bem posicionado é passível de replicação. A análise de franqueabilidade avalia ainda se o posicionamento da empresa está de acordo com o que os consumidores estão procurando.
  1. Potencial de vendas: o seu negócio tem espaço para crescer? A partir do posicionamento da marca é possível dizer se há margem para ampliação de público seja por um recorte geográfico, psíquico ou social, bem como uma avaliação da concorrência no mercado almejado
Geomarketing

A partir da análise do potencial de vendas e do posicionamento de marca será possível estabelecer ainda um estudo de geomarketing visando determinar as localizações mais indicadas para as franquias. A localização está diretamente relacionada ao recorte do público-alvo e, comumente, é um ponto crucial nesse processo.

Se você já faz essa análise de viabilidade e apresenta o dado para os potenciais franqueados, a chance de sucesso para ambas as partes é muito maior.

 

  1. Qualidade técnica dos seus produtos: os seus produtos têm de fato uma característica de unicidade ou qualidade que o caracterize? É preciso ser um franqueado da sua empresa para desenvolver esse produto e ter permeabilidade dentro do seu público?
    • Por exemplo: se você tem um negócio de empadas, o seu produto tem alguma especificidade que o diferencia dos outros a ponto de fidelizar o público? Ou uma outra receita de empada que também seja deliciosa teria a mesma permeabilidade?
  1. Saúde financeira: como anda o seu controle de finanças? Além de estar com tudo em dia, será avaliado se você tem o capital necessário para enfrentar essa nova fase que traz consigo muitos gastos. Serão necessários ajustes estruturais, investimentos em material e treinamentos apropriados.
  1. Viabilidade financeira: além de uma análise financeira do seu negócio é preciso avaliar, testar e comprovar o retorno de uma potencial franquia.

    Projeto piloto

    Antes de franquear, replicar o modelo do seu negócio em uma segunda unidade que também te pertença pode ser uma medida interessante. Assim você pode avaliar melhor o que funciona e quais são os seus pontos fracos, se o seu atual modelo é facilmente replicável e se os ganhos da loja original tem a mesma reverberação em uma outra unidade.

  1. Processos estruturados e formatados: você consegue explicar passo a passo como o seu negócio deve ser copiado para obter as taxas de sucesso projetadas? É fundamental que esse processo esteja inteiramente registrado e estruturado, empreendimentos que tiveram um “crescimento intuitivo” não funcionam para o formato, a menos que seja feita e testada essa sistematização. Só assim é possível garantir resultados aos franqueados em potencial.
  1. Clima interno: para atrair franqueados afins ao seu negócio é preciso que ele tenha bons referenciais de como é trabalhar na sua empresa. Por mais que a lida dele não seja a mesma dos seus funcionários, é importante que ele queira somar à sua estrutura.

Decidiu que é o momento de franquear? Listamos aqui os primeiros passos que vão fazer parte dessa jornada!

1) Registre sua marca no INPI

Para franquear o franqueador deve possuir a propriedade intelectual da marca. Para isso, é essencial fazer seu registro junto ao INPI o mais rápido possível. Não se preocupe, você poderá dar início ao seu processo de expansão mesmo que sua solicitação ainda esteja em análise.

2) Tempo de atuação na área

A sua empresa tem, pelo menos,um ano de atuação? Essa é uma etapa obrigatória (inclusive juridicamente)  para que ela se torne uma sede. No caso do Sebrae, a gente sugere dois anos de CNPJ para franquear.

3) Faça seu plano de negócios

Com base na análise de franqueabilidade e com suporte de um especialista na área, faça um plano de negócios estruturado. Ele deverá levar em conta os detalhes da situação atual da empresa, a situação econômica do mercado e os objetivos da sua empresa para calcular os passos seguintes com mais precisão.

4) Organize seu investimento financeiro

É preciso que você tenha em caixa o recurso necessário para investimentos e melhorias necessárias no processo de franqueamento. Além disso, tenha em mente que durante os primeiros meses após a abertura da nova franquia, sua rede não poderá contar com o retorno sobre as vendas daquela unidade. O seu lucro deve seguir de uma maneira independente da franqueada nesse primeiro momento.

5) Realize as ações jurídicas junto a um especialista

Ter uma consultoria especializada em franchising é essencial para esta ação. Nesta etapa, a consultoria será responsável pela redação de algumas obrigatoriedades, como a Circular de Oferta de Franquia (COF), o Contrato, e Pré-Contrato, dentre outros.

6) Estruture os manuais da sua franquia

É chegada a hora de organizar em um documento todo o processo sistematizado da sua empresa e criar um manual unificado para todas as franqueadas. Esse passo é crucial para garantir a universalização da sua marca de uma maneira coesa e eficiente. Lembre-se que todo esse investimento é para expandir a sua marca, para isso, sua identidade deve ser constantemente reforçada. Todas as instruções e parâmetros para seus franqueados e equipe devem estar muito bem explicados aqui. Do contrário, será impossível garantir a entrega de qualidade que você busca.

7) Selecione os franqueados:

Não subestime essa etapa! Você quer vender, mas não para qualquer um que aparecer. Ao escolher um franqueado é fundamental que você analise a viabilidade financeira deste acordo, para além da taxa de franquia, ele tem o recurso suficiente para estabelecer e sustentar a unidade? Não se esqueça também que você está escolhendo alguém que falará pela sua marca diretamente com o consumidor final, portanto avalie se o perfil do franqueado condiz com os valores e tom de voz da sua empresa. Ele é capaz de representar bem o seu discurso e o seu produto?

Reputação em perigo!

Um franqueado com o discurso desalinhado ao posicionamento da marca pode gerar um enorme transtorno e perdas severas para o seu negócio como um todo. Portanto, além de avaliar a situação financeira de cada franqueado, leve em consideração as características e valores dele desde o primeiro momento da negociação.

O assunto pode parecer chato e pouco acessível, mas quando se fala de franquia a legislação vigente no Brasil tem uma lei específica e etapas detalhadas a serem cumpridas, portanto você precisará de suporte profissional. Essa medida, é claro, não descarta a necessidade de você também ter um entendimento, ainda que geral, das regras do mercado que você está adentrando.

Quem pode franquear?

Segundo a legislação vigente no Brasil, qualquer negócio com, no mínimo, um ano de atuação registrado pode iniciar uma franchising.

Segundo a Lei das Franquias, a definição do termo é: “Um sistema pelo qual um franqueador autoriza por meio de contrato um franqueado a usar marcas e outros objetos de propriedade intelectual, sempre associado ao direito de produção ou distribuição exclusiva ou não de produtos ou serviços (…), mediante remuneração direta ou indireta (…)“. Art. 1º da Lei nº 13.966 de 2019.

Além da definição de o que são franquias, a lei estabelece também todos os conceitos envolvidos no processo, os limites da relação entre franqueador e franqueado, bem como os deveres e responsabilidades de cada uma das partes, entre outros pontos essenciais. Demarcando uma legislação específica para o mercado de franchising no Brasil, a lei foi uma conquista para garantir maior segurança jurídica na formatação do modelo e incentivar a expansão do setor no país.

Juridicamente o documento mais importante a ser desenvolvido nesse processo é a Circular de Oferta de Franquia (COF), nela ficam registradas todas as condições econômicas, jurídicas e operacionais da empresa no momento do estabelecimento da franquia.

O que deve constar na COF?

Uma Circular de Oferta de Franquia bem elaborada registra, além das condições da empresa a ser franqueada, todos os direitos e deveres do franqueado e do franqueador. Dados importantes do status e histórico da empresa e até mesmo uma lista com os contatos dos franqueados da rede, além de uma relação daqueles que se desligaram nos últimos 12 meses também figuram entre as exigências. A análise de viabilidade econômica e um planejamento de negócios bem estruturados terão reflexo direto nesse documento que norteará toda a relação entre as partes da tratativa.

Um especialista na área poderá te sugerir neste momento algumas cláusulas não obrigatórias, mas fundamentais para a sua segurança no mercado como, por exemplo, de Confidencialidade e Não concorrência. Além disso, ele te auxiliará em questões que comumente se tornam problemas comuns nesse modelo de negócio, como as cláusulas de saída que devem ser elaboradas com cuidado e precisão. Fique atento!

O que deve constar na COF?

É importante que você entenda as taxas que envolvem o acordo entre franqueador e franqueado para saber cobra-las:

  1. Taxa de adesão: é uma taxa única inicial da franquia, aquela que concede o direito de uso da marca e ao sistema de franchising. Ela garante também o compromisso do franqueador em oferecer todo o suporte e treinamento necessário para o estabelecimento da nova filial. É aconselhável que esse apoio inclua desde a identificação do ponto à implantação do mesmo com treinamentos e marketing de inauguração.
  1. Taxa de royalties: é uma taxa periódica, em geral mensal, comumente determinada a partir do percentual de faturamento.
  1. Taxa de publicidade institucional: é uma taxa periódica que garante o marketing unificado para todas as filiais, alinhado com o discurso de marca. Como esse é um sistema de rede, quando a marca realiza uma campanha ou anúncio, seja ele nacional ou regional, ela está atendendo a toda a sua base de filiais.

Apesar de não ser obrigatória, uma consultoria especializada em franchising é fortemente recomendada. Franquear um negócio demanda investimento financeiro considerável e é um passo decisivo para a expansão ou, se mal executado, decaída de todo o negócio. Por mais sólida que seja a sua marca e por mais domínio que você tenha dos processos da sua empresa, nada disso descarta as especificidades que a ação de franqueamento demanda.

Dois tópicos importantes que a consultoria te ajudará a determinar serão a taxa de franquia e os royalties. A taxa de franquia só é cobrada uma única vez e dará a concessão de uso ao franqueado, além do acesso a toda estrutura e know-how do seu negócio (por meio do manual). Portanto, essa taxa deve ser extremamente bem calculada para ter um valor justo pelo que você está oferecendo, incluindo os riscos desse compartilhamento, no entanto também não pode ser exorbitante a ponto de inviabilizar o negócio.

Os royalties também demandam um cálculo refinado. Diferente da taxa de franquia, que já está prevista na lei, eles não têm regras padrões. Eles são contribuições periódicas que a franquia faz para o franqueador, mas a periodicidade, porcentagens ou fórmulas de como elas devem ser calculadas varia de negócio para negócio. Todos esses detalhes devem ser alinhados e explicitados com nitidez na COF para serem válidos.

Quem contratar?

Existem diversos profissionais no mercado que podem te auxiliar nesse momento de estruturação e implementação de um sistema de franquias. É importante que você saiba o que esperar e quais funções cada um deles pode desenvolver.

Advogado especializado em franchising: esse profissional vai te auxiliar em todas as etapas jurídicas desse processo. Vale lembrar que legalmente a construção de uma franquia tem diversos tópicos e esse suporte especializado é fundamental para que você passe bem por esse momento que estruturará todo o negócio.  Acompanhar e elaborar junto com você a COF será uma das funções primordiais dele.

Corretor de franquia: esse profissional pode ser um elemento chave no momento de maior expansão do seu negócio. No entanto, é interessante que você encontre um vendedor que esteja alinhado com o propósito do seu negócio, para que ele te auxilie a encontrar franqueados que realmente tenham a ver com a sua proposta. É importante ter em mente que ter o recurso financeiro e a disponibilidade de comprar a sua franquia não são os únicos fatores a serem considerados na hora da venda, os propósitos e valores do franqueado precisam estar alinhados com o da sua marca também.

Atenção!

O corretor de franquias não pode ser sócio do negócio, isso descaracteriza o sistema de franquias.

Consultor especializado em franquias: esse profissional será a opção mais completa para te auxiliar ao longo dessa jornada. Ele pode, ou não, acumular também as funções de advogado ou corretor, mas o mais importante aqui é que ele seja o seu suporte em todas as etapas dessa construção, desde a análise de franqueabilidade até o estabelecimento do planejamento estratégico e da implementação do sistema. Esse certamente será o elemento chave principal para estabelecer um início bem estruturado para o sucesso do seu franqueamento!

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