O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de café do mundo, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). Com uma participação em mercado mundial tão expressiva, os produtores brasileiros ganham cada vez mais oportunidades. Elas são chances de diferenciar suas produções no mercado. Nesse contexto, um nicho que está em evidência é o da produção de café sustentável.
Mas, o que seria isso? É a aplicação do conceito de sustentabilidade nos processos de produção. E também aos métodos de gestão dos negócios de café. O objetivo é produzir resultados positivos para os negócios de café, para a sociedade e para o meio ambiente. Se você atua na cadeia produtiva do café, precisa entender esse conceito e aproveitá-lo em sua produção.
Confira neste post os detalhes do que é um “café sustentável”. E sabia como você pode investir na sustentabilidade da sua produção cafeeira. E, até mesmo, iniciar um negócio com esse tipo de manejo do café. Tudo em busca de inovar e se diferenciar no mercado.
Produção de café sustentável
Com uma participação no mercado mundial de produção e consumo de café, os produtores brasileiros já aprenderam várias lições. Uma delas é a de que para manter uma produção cafeeira de forma lucrativa é preciso inovar. Para isso, eles se aprimoram cada vez mais na diferenciação do produto; da gestão e da experiência do cliente. Nesse contexto, a produção de café sustentável vem ganhando cada vez mais destaque.
De forma geral, para se denominar sustentável, uma empresa precisa criar processos de produção, serviços e métodos de gestão inovadores. Consequentemente, a ideia é que o negócio passe a trazer resultados positivos não só para a empresa. Mas, essencialmente, para e todo o ciclo produtivo do qual faz parte.
No caso das produções cafeeiras, isso não é diferente. É importante valorizar a comunidade onde a produção está localizada. E, consequentemente, promover resultados positivos para a sociedade e o meio ambiente.
Nesse contexto, basicamente, a sustentabilidade envolve três aspectos: sociais, ambientais e econômicos. Confira os detalhes de cada um deles.
Sociais
O aspecto social significa que não deve existir qualquer tipo de trabalho informal na propriedade. O produtor deve registrar seus trabalhadores de acordo com a legislação. Além disso deve cumprir todas as leis trabalhistas. Isso inclui garantir a segurança do trabalhador e de subcontratados no trabalho. Isso pode ser feito por meio da promoção do uso equipamentos de proteção individual.
Os trabalhadores devem ter direito a moradia digna, transporte, local adequado para as refeições, condições sanitárias, capacitação e treinamentos contínuos. O produtor também deve ter preocupação com a educação dos funcionários e de seus filhos.
Ambientais
A dimensão ambiental diz respeito à adoção de práticas que visam preservar os recursos naturais. Por exemplo: os recursos hídricos; a biodiversidade e qualidade do ar. Isso pode ser feito de diversas formas, como pelo controle do uso de agrotóxicos e fertilizantes. E também pelo reaproveitamento dos resíduos da produção.
Na prática, isso significa que a propriedade deve usar somente agrotóxicos registrados para a cultura de café. Por outro lado, os fertilizantes orgânicos e químicos devem ser adequadamente armazenados.
Além disso, os mananciais de água devem ser protegidos e preservados. Inclusive, o desmatamento de flora nativa deve ser minimizado. O que visa conservar plantas e animais silvestres e, principalmente, espécies ameaçadas de extinção. Enfim, ainda deve existir um sistema seguro de manejo de resíduos.
Econômicas
Os aspectos sociais e ambientais dependem diretamente da situação econômica da atividade. Por isso, sob esse ponto de vista, as práticas sustentáveis visam obter grãos de maior qualidade. E também com preços que remunerem melhor o produtor.
Para isso, a renda do setor cafeeiro deve ser observada como questão principal. Isto para que seja possível a implementação; a manutenção e a evolução de um programa de sustentabilidade na cafeicultura.
Por isso, é interessante remunerar melhor os produtores e toda a cadeia. O que comumente é feito pela diferenciação dos cafés; por seu valor agregado e pela sua qualidade, por exemplo. Também é preciso reinvestir no setor e em toda cadeia produtiva, garantindo o desenvolvimento das famílias.
Enfim, o negócio cafeeiro precisa ser, simultaneamente, eficiente em termos econômicos e sociais. Isso significa dizer que como negócio ele precisa utilizar racionalmente os recursos, promovendo seu uso inteligente. E também deve ser instrumento de inclusão social e respeitar a capacidade do meio ambiente.
Benefícios da produção sustentável
Muitos produtores pensam que as exigências da sustentabilidade da produção têm como objetivo beneficiar apenas meio ambiente e consumidor. No entanto, o próprio produtor rural e a sua propriedade também são grandes beneficiários das boas práticas de produção.
A principal vantagem da produção de café sustentável é a possibilidade de obter uma certificação. As certificações muitas vezes ampliam a visibilidade do produto e contribuem para sua consagração no mercado. Além disso, a aplicação das boas práticas agrícolas reduz o desperdício. E também melhora a gestão da propriedade, ampliando as possibilidades de rentabilidade para o produtor.
Para além destes pontos, existem outros benefícios em fazer com que uma produção seja mais sustentável, tais como:
- aumento da eficiência da gestão;
- economia de insumos;
- aumento da produtividade e qualidade do café;
- ampliação do controle dos custos de produção;
- preservação de solo e água;
- redução dos impactos produtivos;
- mais capacitação para produtores;
- aumento da segurança do trabalho;
- ampliação da organização da propriedade.
Diferenciais da produção sustentável
A produção de café sustentável segue uma regulamentação específica. Ela possui recomendações para plantio; cuidados com a lavoura e a colheita; armazenamento e torrefação.
No Brasil, a ABIC reconhece os produtores rurais que investem em sustentabilidade. Isto acontece por meio do Programa Cafés Sustentáveis do Brasil, que acompanha de forma rígida a fabricação.
Portanto, os produtores interessados em investir na produção de café sustentável precisam solicitar essa certificação à ABIC. Para um cafeicultor adquirir o selo, é observada toda a cadeia produtiva da sua produção, da plantação até o empacotamento.
O processo tem início com o preenchimento do termo de adesão. Neste momento, o produtor é orientado sobre as etapas da produção sustentável. E ganha um prazo para se adequar às normas.
Cumpridas as primeiras exigências, o processo produtivo do café é avaliado para atestar se a propriedade cumpre toda a regulamentação. Em caso positivo, o produtor recebe o certificado sustentável.
Isso favorece os pequenos e médios produtores, que podem ter maior controle das etapas, cumprindo as exigências do mercado sustentável.
Espaço para crescer
Apesar do bom momento econômico vivido pela produção de café sustentável. O que inclui maior valor agregado. Ainda é pequeno o número de produtores brasileiros que se interessaram em se tornar sustentáveis. Estima-se que pouco mais de 1% da quantidade de sacas industrializadas se encaixe na categoria de café sustentável.
Alguns fatores contribuem para essa baixa adesão. Um deles é a burocracia para a obtenção da certificação. Os custos iniciais para implementação do sistema sustentável também representam um dificultador.
No entanto, a produção de café sustentável garante um produto final que tem mercado garantido. Isto porque ele tem maior valor agregado para a venda. O que pode compensar compensa os investimentos iniciais.
Portanto, a produção de café sustentável pode ser uma boa oportunidade para o produtor rural que deseja aumentar a renda do seu negócio. Assim, ele garante um produto final certificado, com uma demanda cada vez maior junto ao público consumidor; ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente.