Tendências 4.0 do agronegócio

06/03/2019 | Inovação e Tecnologia

A revolução digital no agronegócio está apenas começando. Na medida em que os dados, a conectividade e o poder de processamento se expandem, também aumentam as oportunidades. Isso vale em especial para as empresas do agro. Neste contexto elas podem extrair valor por meio de produtos, serviços, eficiências operacionais e modelos de negócios inovadores.

Eventualmente, esta transformação digital engloba diversos aspectos. Dentre eles estão: hardware, sensoriamento, captura e análise de dados, atuadores. E, principalmente, pessoas, suas atitudes e perseverança para criar valor nisto tudo.

A transformação digital faz com que os modelos de negócio sejam revisitados. No agronegócio, a conjunção de alguns fatores favorece essa mudança. Por exemplo, as condições do solo; o clima; o relevo; a ciência; a tecnologia e as políticas públicas. Estes, e também a competência dos agricultores são pontos que fizeram do Brasil um dos líderes mundiais na produção e exportação agrícola.

Cenário atual do agronegócio

Sobretudo, o agronegócio representa, aproximadamente, 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e 50% das exportações do país. Ainda assim, possui diversos desafios a serem superados. Alguns deles são:

  • Introdução da agricultura familiar na era da tecnologia – o grupo da agricultura familiar reúne cerca de 5 milhões de estabelecimentos rurais entre pequenos e médios produtores. O que representa 88% dos estabelecimentos rurais brasileiros; 24% da área agrícola e 74% da mão de obra no campo (com aproximadamente 12 milhões de pessoas).
  • Mudanças climáticas e restrições de recursos naturais – aqui, o papel da inovação passa a ser essencial. Especialmente para garantir que as próximas gerações possam ser alimentadas com qualidade.
  • Aumento de produtividade agropecuária sem expansão de área de produção – este desafio exige muito estudo, investimento e novas estratégias. O que vale tanto para a pecuária quanto para a agricultura, que podem ser favorecidas diretamente pela tecnologia.

Agronegócio no futuro

Por conseguinte, no campo, a busca pela otimização no uso dos recursos naturais e insumos transformará totalmente as áreas rurais. A fazenda do futuro será massivamente monitorada e automatizada. Para isso, sensores dispersos por toda a propriedade e interligados à internet (Internet das Coisas) gerarão dados em grande volume (Big Data). No entanto, para que estes favoreçam as produções, será necessário que sejam filtrados, armazenados (computação em nuvem) e analisados via inteligência artificial (IA).

A “digitalização da agricultura”, por meio de sistemas cyber-físicos, será interdisciplinar e transversal. E não estará limitada a culturas agrícolas, regiões ou classe de produtores.

Do mesmo modo, na era do agro 4.0, a tecnologia de informação e comunicação (TIC) é a mola propulsora e integradora dessa inovação. O que ocorre dentro e fora da cadeia produtiva. Isso porque serão utilizadas em diversas aplicações no campo, na pré-produção, produção e na pós-produção. Como exemplo destas aplicações temos:

  • Melhoramento genético, biotecnologia e bioinformática, na pré-produção.
  • Agricultura de precisão e equipamentos diversos na produção.
  • Melhorias na logística e transporte/armazenamento na pós-produção.

O futuro é agora

Não raro, as novas tecnologias já são aplicadas em diversos cenários do agronegócio, tais como: planejamento da produção, manejo, colheita, acesso a mercados e comercialização e transporte [grãos, frutas hortaliças, carnes, leite, ovos, fibra e madeira].

Os produtores já contam também com apoio de diversas entidades que facilitam o desenvolvimento e uso de tecnologias no campo. Como exemplo, podemos citar o governo, as cooperativas, as associações, as federações, os sindicatos, e, mais recentemente as startups.

Além disso, o produtor rural também já consegue acesso a serviços privados baseados em imagens de satélites, veículos aéreos não tripulados (VANTs/drones) e sensores terrestres, sistemas de posicionamento global por satélite (GPS) e sistemas de informações geográficas (SIG).

Essas novas tecnologias são determinantes para o planejamento rural, visando a redução de custos e o aumento da produtividade e da renda dos produtores. O que ajuda na gestão do bem-estar animal e na georrastreabilidade, elevando a qualidade e segurança dos alimentos.

Benefícios da tecnologia para o agro

Novos aplicativos disponíveis para tablets e smartphones são um suporte adicional. Eles melhoram especialmente a tomada de decisão sobre inúmeras práticas envolvendo a produção animal e vegetal. Isto porque apresentam uma série de benefícios, tais como:

  • Previsão e prevenção –Ajudam a compreender as condições meteorológicas, como secas e inundações, agindo preventivamente na manutenção da qualidade do solo, água e ar.
  • Identificação e monitoramento –As tecnologias permitem identificar, monitorar e reduzir a incidência de pragas e doenças.
  • Gerenciamento de recursos– São imprescindíveis no gerenciamento de sofisticados sistemas de irrigação, minimizando desperdícios.
  • Minimização de perdas– O uso das tecnologias permite a redução da perda de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento. O que inclui as perdas pós-colheita.
  • Gestão técnica-financeira –Muitas soluções facilitam o gerenciamento técnico-financeiro de propriedades, permitindo ter melhor visão do que ocorre nas áreas de produção, facilitando a visão de entrada e saída de recursos.

Exemplos de soluções

Sobretudo para facilitar a visão dos produtores rurais sobre os tipos de soluções já disponíveis, vamos dar alguns exemplos de soluções já disponíveis no mercado, que trazem facilidade e praticidade para o mundo do agronegócio.

Agrosmart

A Agrosmart é uma starup criada no Centro de Empreendedorismo Universitário (CEU) da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Ela que apresenta soluções para otimização de processos de irrigação e geração de alertas contra riscos de pragas nas plantações.

Sua CEO, Mariana Vasconcelos, participou de um programa de transferência tecnológica na NASA (agência espacial americana). E recentemente foi considerada umas das pessoas com até 35 anos mais inovadoras da América Latina pelo MIT (um dos principais centros de inovação dos EUA). 

Climate Corp

A Climate Corp, braço de tecnologia da Monsanto, tem o FieldView. Ele é uma solução que permite que o produtor obtenha e gerencie informações de sua lavoura. Isto é feito por meio de alguns itens, a saber: geração automática de mapas e relatórios de plantio e colheita; marcações georreferenciadas de monitoramento e integração de informações de diferentes fontes, como mapas de solo.

Jetbov

Acima de tudo, startup de Joinville, a Jetbov tem um aplicativo para coleta de informações sobre o rebanho e gestão de fazendas. A solução possibilita controlar todas as etapas do manejo reprodutivo. E também auxilia na gestão de custos de nutrição, pasto e confinamento, sem deixar de lado a rastreabilidade.

Em 12 anos

Uma vez que falamos sobre alimento, agricultura, pecuária e sustentabilidade, não podemos deixar de olhar para o futuro distante. E aí, nos perguntamos: o que haverá em 12 anos? Foi o que fez a EMBRAPA, em seu estudo de megatendências – visão 2030.

A princípio, nele, a Embrapa mostra algumas tendências para o mundo do agronegócio. Elas trazem contexto para o desenvolvimento de novas tecnologias que favoreçam a produção agrícola e pecuária, no sentido de superar os desafios existentes.  Vamos conferir alguns:

  • Mudanças socioeconômicas e espaciais na agricultura: como concentração da produção, baixa disponibilidade de mão de obra, desafio da pobreza rural e inteligência Intensificação e sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola: diversificação e complexidade dos plantios.
  • Mudança do clima: com aumento dos eventos extremos, mitigação e adaptação, e sistemas mais
  • Riscos na agricultura: perda anual de R$ 11 bilhões (1% PIB Ag. BR), gestão integrada de riscos – climáticos, econômicos, sociais, geopolíticos, de infraestrutura e logística.
  • Agregação nas cadeias produtivas agrícolas: aumento de percepção de valor, alimentos que com mais nutrição, funcionais, fortificados, com selos e certificações.
  • Protagonismo dos consumidores: maior poder de influência do consumidor na produção, aplicações de TICs e redes sociais, sustentabilidade e bem-estar.
  • Convergência tecnológica e de conhecimento na agricultura: com inovações disruptivas e integradas, como biotecnologia, nanotecnologia, geotecnologia, mercado digital (produtos e serviços).

Importância da acessibilidade

Assim sendo, não posso encerrar este artigo sem tocar na importância de tornar estas tecnologias acessíveis ao pequeno produtor. O que pode ser feito por meio de soluções economicamente viáveis. Neste contexto, o papel das startups se torna primordial. Isto porque elas estão inseridas em um ambiente colaborativo e de poucos recursos. Além disso, têm flexibilidade e perseverança.

Também como exemplo, posso falar sobre uma solução desenvolvida pelo Sebrae Minas para apicultores filiados a Coopermel de Santa Bárbara/MG. Em 2012 os mesmos estavam tendo perdas significativas com roubos de colmeias. Como os apiários localizavam-se dentro de florestas de eucalipto os apicultores só se davam conta do prejuízo quando da visita aos apiários.

Eles eram pequenos produtores e com condições financeiras restritivas. Já existiam no mercado soluções baseadas em redes locais de monitoramento com alto custo de instalação e operação. Foi então desenvolvida uma tecnologia de baixo custo, que utilizava uma malha de conexão das colmeias via cabo e sensores de imãs, com comunicação via rede celular móvel.

Então, quando uma colmeia era deslocada um aviso era enviado a Coopermel, ao apicultor e a Polícia Militar. Portanto, a solução favorece a produção, tornando-a mais segura e reduzindo os custos e prejuízos da produção. Veja como o sistema funciona:

digital no agronegócio

É criada uma malha de conexão entre as colmeias, ligadas por tecnologia de baixo custo via cabo e imãs. Entre elas, inclui-se um módulo de controle, que tem o mesmo formato das colmeias. Quando alguma colmeia é retirada do sistema, um sinal é enviado via rede de celular para o sistema de monitoramento facilitando a fiscalização e amentando o controle.

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