Café de Minas: o poder do lugar

13/11/2018 | Desenvolvimento Econômico Local

A sociedade está repensando o capitalismo de uma forma bastante interessante. Esta enorme mudança de paradigma aparece também na transformação do papel das organizações, dos governantes e da própria sociedade. A premissa central passa a ser, além da competitividade das empresas, a saúde das comunidades e do entorno delas, tornando o desenvolvimento mutuamente dependente.

Sendo assim, reconhecer e capitalizar essas conexões constitui o poder de desencadear a próxima onda do crescimento global. Assim como a redefinição do capitalismo, amplamente analisada na teoria do Valor Compartilhado de Porter. O que vemos, por exemplo, na produção de café em Minas Gerais.

Valor compartilhado

O Valor Compartilhado surge como uma nova abordagem para instrumentalizar o relacionamento entre as empresas e a sociedade. O que redefine as fronteiras do capitalismo. Ao conectar o sucesso da empresa com o progresso da sociedade, surgem novas formas de colaboração. E também de ganho de eficiência e de diferenciação, culminando na expansão dos mercados.

Esta nova abordagem vem mudar a maneira em que os negócios vêm sendo conduzidos. É uma forma de trazer inovação e crescimento, reconectando as empresas ao sucesso financeiro, com o reconhecimento das comunidades que as rodeiam, sem perder de vista um profundo entendimento de competição e criação de valor econômico. Esta nova evolução do modelo capitalista reconhece novos e melhores modos de se desenvolver produtos, servir mercados e construir empresas produtivas.

Desenvolvimento de territórios

É neste cenário que surge uma grande oportunidade de desenvolvimento de territórios. Eles têm se utilizado da estratégia de Identidade e Origem para se diferenciarem. E também para  preencherem importantes lacunas de posicionamento e reposicionamento de lugares e produtos, exatamente como fizeram algumas empresas.

Sempre motivadas por um propósito relevante, pela diferença que querem fazer no mundo, considerando o engajamento da comunidade local.

A construção de valor pela Identidade e Origem relacionada a produtos, passa pela percepção e compreensão do consumidor de que aquele produto é único. E também que tem uma procedência também única – as Origens Produtoras.

Identidade e Origem

Para o mercado de alimentos, ou para os produtos do agronegócio de uma forma mais abrangente, o conceito de Identidade e Origem tem evoluído e se tornado cada vez mais importante. As bem-sucedidas Indicações Geográficas europeias demonstram isso e, no Brasil, as recentes iniciativas de Origens Produtoras também apresentam um futuro promissor.

Esta lógica de desenvolvimento não é trivial e necessita de transformações profundas nas atitudes dos atores do território. É preciso que o foco anteriormente dado ao produto, no qual a Origem é reconhecida, dê lugar ao foco na Região. Assim como nos produtores e nas ofertas diferenciadas que a Origem gerará.

É necessário que os representantes de classe compreendam seu importante papel de influenciadores da transformação e não apenas o de representar. Os produtores devem agir como empreendedores e não como produtores tradicionais.

As ações de marketing e promoção precisam se transformar em experiências desejadas pelos consumidores. As transações comerciais devem se transformar em relacionamentos verdadeiros. E, finalmente, é imprescindível que o jargão “agregar valor”, se transforme em “Valorizar” e “Compartilhar”. Chegou o momento para uma visão ampliada da geração de valor e do Valor Compartilhado.

Fato é que as Origens Produtoras estão se mobilizando. Muitas motivadas pelos próprios consumidores, que têm buscado o que é local, autêntico, transparente, ético, artesanal, simples, exclusivo. E que também tenha história e que proporcione novas experiências – a busca pela procedência, pela origem ou pela necessidade de dinamizar o território.

Atuar com a estratégia de Origem movimenta o território, move as pessoas e os negócios e gera transformações importantes. Este movimento é capaz de criar uma percepção positiva nas pessoas do lugar. Ela aumenta a autoestima e gera engajamento e atitudes concretas de desenvolvimento, apoiadas por investimentos públicos e privados que se tornam uma realidade.

Café das Minas Gerais

E já temos bons exemplos em Minas Gerais. As Origens Produtoras de Café no Cerrado Mineiro, nas Matas de Minas e na Mantiqueira de Minas são exemplos bem-sucedidos. Eles contam com uma estratégia bem definida, com ações inovadoras e resultados concretos já percebidos pelas empresas e pela sociedade.

As características de cada região são diferentes. O Cerrado, com uma agricultura de base empresarial e altamente tecnificada. A Mantiqueira com uma agricultura tradicional, mas estruturada e com utilização de técnicas avançadas na produção de cafés de qualidade. E as Matas de Minas com a cafeicultura baseada na agricultura familiar, processos artesanais de produção e baixo índice de tecnologia empregada.

A amostra de produtores a ser trabalhada busca representar o universo produtivo destas regiões e, consequentemente, da cafeicultura mineira.

Essas Regiões estão totalmente engajadas e renovadas na vontade de mostrar para o Brasil e o mundo o que elas têm de diferente e melhor. Com seu propósito claro e verdadeiro, cada região segue seu caminho de sucesso. E elas evoluem a cada dia na qualidade e na credibilidade dos seus cafés de origem.

O Sebrae tem sido o estimulador destas iniciativas, buscando promover o desenvolvimento das regiões produtoras de café do estado. Isto sem nunca perder de vista que a estratégia de Identidade e Origem deve ser daqueles que fazem parte daquele lugar.

Esta estratégia tem conseguido engajar empresários e comunidade em torno de um projeto comum, a partir da diferenciação e valorização dos seus produtos e serviços e gerando Valor Compartilhado.

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Mercado do café – características e oportunidades

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