Empreendedorismo feminino: desafios e oportunidades

30/04/2019 | Empreendedorismo

O empreendedorismo feminino nunca esteve tão em evidência. Nesse cenário, a participação das mulheres nos negócios aumenta consideravelmente a cada ano. Diante disso, o Sebrae volta seu olhar para o tema e lança o Sebrae Delas. Ele é um projeto dentro do Programa Nacional Mulher de Negócios, que visa atender mulheres empreendedoras e seus empreendimentos. O que é feito por meio de capacitação e preparo das mulheres para os desafios dos negócios e projetos.

De acordo com a pesquisa GEM, que estuda o empreendedorismo no Brasil e no mundo, as mulheres empreendedoras correspondem a 24 milhões, do total de 52 milhões que empreenderam em 2018.

Apesar disso, o estudo de 2018 mostra que o número de homens (41,7%) foi maior em 2018, quando falamos de “empreendedores estabelecidos”, o percentual de mulheres foi de 34,4%. Quando falamos de empreendimentos iniciais, no ano de 2018 foram 18,5% dos homens e 17,7% de negócios aberto por mulheres.

Neste artigo, vamos abordar os desafios e oportunidades que as mulheres têm, quando o assunto é negócios e empreendedorismo feminino no Brasil.

Acompanhe!

Desafios do empreendedorismo feminino

Começar um negócio, passar por todas as etapas desde o planejamento até o desenvolvimento e, ainda se manter no mercado de forma competitiva é bem desafiador. Para tanto exige da nova empreendedora habilidades diferenciadas e essas questões valem tanto para os homens, quanto para as mulheres.

Para as mulheres os desafios podem ser ainda maiores, apesar de terem mais escolaridade que os homens. O percentual total de mulheres com o ensino médio completo e o superior incompleto é 10 pontos a mais do que a mesma faixa no grupo masculino.

Dentre os principais desafios que o empreendedorismo feminino enfrenta, destacamos, a jornada múltipla, o preconceito, a falta de incentivo e taxas de juros mais altas.

Jornada múltipla

Nas últimas duas décadas, houve uma evolução da participação das mulher no mercado de trabalho. Por exemplo, elas se capacitaram mais que os homens, segundo a GEM de 2018. No entanto, ainda existe uma pressão cultural para que sejam as responsáveis pelo lar e pelos cuidados com os familiares.

A pesquisa mostra que no Brasil, em 2017, as mulheres se dedicaram aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, cerca de 73% mais horas que os homens. Foram identificadas 18,1 horas/semana das mulheres contra 10,5 horas por semana dedicadas pelos homens.

Por isso, muitas mulheres acabam se dedicando a seus negócios em tempo parcial. Assim, elas conseguem conciliar o trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Quando falamos de donas de negócio, a pesquisa aponta que as mulheres se dedicam 30% a menos a suas empresas no comparativo com os homens.

No caso das mulheres empreendedoras, isso significa que elas precisam se desdobrar em diversos papéis. Por exemplo, elas se responsabilizam pelas tarefas domésticas e cuidados e à família ao mesmo tempo em que administram seus negócios. Além disso, as mulheres ainda cuidam de suas carreiras, atualizando-se profissionalmente e culturalmente.

Essa jornada múltipla acarreta uma carga física e psicológica muito alta. Conciliar empresa, casa, família e estudos não é fácil; ainda assim, as mulheres assumem esses vários papéis e realizam essas tarefas com garra, mesmo que ás vezes algumas delas fiquem comprometidas.

Preconceito

A discriminação baseada em estereótipos de gênero, nomeada sexismo, é outro grande desafio que o empreendedorismo feminino enfrenta.  Inclusive, o tempo todo, ele faz parte da luta da mulher no mundo dos negócios.

Isto porque, as mulheres ainda sofrem julgamentos desiguais em relação aos homens. Por sua vez, eles ainda são considerados mais competentes em assuntos relacionados a negócios. O que pode ser entendido como efeito da forte influência cultural, construídas e reiterada por séculos de história.

Assim, o ambiente fica, muitas vezes, pouco representativo e convidativo às mulheres para que desenvolvam seus projetos e negócios. Eventualmente, esse cenário é intensificado em setores onde existe a predominância masculina. Por exemplo, setores de tecnologia e informática, nos quais a presença feminina ainda é extremamente baixa.

Falta de incentivo

As empreendedoras sofrem com a falta de apoio de suas próprias famílias. Inclusive, também encontram dificuldade de aceitação entre os amigos, que não confiam no potencial de seus negócios.

Apesar disso, algumas instituições vêm investindo em negócios criados por mulheres, por entender que quando uma mulher tem um negócio ela se preocupa com o entorno, transbordando o empreendedorismo e seus desdobramentos para a sociedade.

Uma consequência perigosa disso é o abalo na autoconfiança. O que é uma questão profunda e pessoal, que pode trazer grandes prejuízos para o negócio. Por exemplo, a insegurança pode dificultar a tomada de decisão gerencial por parte da empresária.

De acordo com a GEM 2018, 50,7% das mulheres concordaram que o medo de fracassar não as impediria de começar um novo negócio. Por outro lado, 61,4% dos homens afirmaram isso. As mulheres se mostram mais inseguras nas tomadas de decisão. Quando questionadas se possuem conhecimento, habilidade e experiência necessárias para iniciar um novo negócio, 49,2% das mulheres concordaram que possuem, contra 59,5% dos homens.

Quanto aos investimentos, muitas não recebem incentivos e utilizam recursos próprio ou de empréstimos familiares. Mais pesquisas apontam que as mulheres pagam mais juros apesar de serem mais adimplentes do que os homens.

Oportunidades do empreendedorismo feminino

Apesar de todas as dificuldades, o empreendedorismo feminino está em crescimento e já possui várias ações em andamento em todo país. Esse crescimento exponencial se deve a algumas características que favorecem a gestão dos negócios. Por exemplo, as mulheres tendem a aliar sensibilidade, intuição e cooperação com atitudes como coragem, determinação e iniciativa. Isso faz com que desenvolvam habilidades importantes na hora de gerenciar equipe e administrar os negócios. Vejamos alguns outros bons exemplos:

  • Planejamento- pequenos negócios precisam antecipar problemas e soluções. A mulher, como consegue fazer várias atividades e ações simultâneas, muitas vezes antecipa problemas e conduz vários processos ao mesmo tempo.
  • Gestão do tempo – resultante da necessidade de conciliar melhor suas atividades profissionais com as pessoais. Isso dá mais estabilidade ao negócio, uma vez que problemas de fora não têm tanto impacto sobre a empresa.
  • Atenção e cuidado aos detalhes e às pessoas – principalmente com os clientes. O que facilita sua fidelização, criando uma base sólida e duradoura de consumidores.
  • Capacidade de adaptação e resiliência – para lutar, diariamente, contra as dificuldades.
  • Flexibilidade para resolver conflitos –  nos ambientes empresarial e familiar.

Além disso, as mulheres tendem a investir mais em capacitação. De acordo com a GEM 2018, as mulheres apresentam maior escolaridade – médio completo + superior –  que os homens. Isso ocorre em todas as categorias analisadas. O percentual total de mulheres com o ensino médio completo e o superior incompleto é 10 potos superior à mesma faixa do grupo masculino.

As oportunidades sempre surgem e os desafios da mulher empreendedora é se preparar par aos novos modelos de negócio. Além disso, ela também precisa se preparar para o novo mercado e as novas necessidades dos clientes. A dica é estar sempre atenta ao movimento.

Liderança feminina

Todas as habilidades citadas ao longo deste post também contribuem para transformar a mulher em uma líder diferenciada, não só no Brasil. Em posições de liderança, as mulheres costumam valorizar mais as relações. Inclusive, focando, assim, na gestão de pessoas, o que deixa o clima da organização sempre favorável.

Uma pesquisa do Sebrae, realizada em 2016, compara resultados segundo gênero do principal tomador de decisão. Ela mostra que empresas administradas por mulheres são mais concentradas no mercado local. Este fato está diretamente relacionado com o setor e o porte das empreendimentos.

Pessoas e visão analítica

Segundo a pesquisa, as mulheres dão mais atenção aos colaboradores. E assim, fazem com que suas qualidades sejam valorizadas, e o trabalho seja realizado da melhor forma possível. Além disso, elas usam mais cooperação, compartilhamento e comunicação para formar equipes melhores e mais responsivas. Assim, conseguem desenvolver com um estilo de liderança mais pessoal.

Uma pesquisa feita pelo Sebrae, em 2016, comparando os resultados segundo gênero do principal decisor, observa-se que as empresas administradas por mulheres são mais concentradas no mercado local. Este fato está diretamente relacionado com o setor e o porte dos empreendimentos.

Elas também têm uma visão mais abrangente e analítica do negócio. Isso se deve a sua atenção aos detalhes. O que lhes permite avaliar com mais clareza as decisões que precisam ser retomadas.

Desenvolvimento contínuo

As mulheres empreendedoras sempre existiram. No entanto, hoje seu trabalho está mais em evidência. O que lhes confere maio reconhecimento nos diferentes ramos de atividade.

Todas com muita motivação, coragem e disposição para empreender, apesar das barreiras sociais e econômicas. Seja no comando do salão de beleza do bairro ou à frente de uma startup, elas conquistam seu espaço no mundo dos negócios.

O empreendedorismo feminino pode ser uma forma de apropriação de conhecimento. E também de habilidades para ser usado como instrumento de transformação social. Nesse contexto, ele vai além da questão empresarial. E, por isso, faz parte das ações para chamar a atenção para as causas pertinentes às mulheres. Por exemplo, podem ser citados: igualdade e inclusão no mercado de trabalho.

Para isso, elas precisam superar os desafios e focar na gestão do negócio. Abrir mercados, explorar nichos e buscar novas oportunidades são algumas ações necessárias. Também é preciso incrementar a administração, inovar nos negócios, aperfeiçoar a forma de negociar e desenvolver mecanismos para crescer, ocupando assim cada vez mais espaços.

Diante de tudo o que foi dito, podemos dizer que o empreendedorismo feminino veio para ficar e muitos negócios, em vários segmentos diferentes serão comandando por elas.

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