13 perguntas sobre negócios de farmácia
O segmento farmacêutico brasileiro ocupa a sexta posição entre os maiores mercados consumidores de medicamentos no cenário mundial. De acordo com o Conselho Federal de Farmácia- CFF, o Brasil tem cerca de 70 mil farmácias, das quais 72% são independentes e 14% são grandes redes. O que isso quer dizer? Que empreender com negócios de farmácia não é nada fácil. Mas que existe um mercado a ser explorado com forte crescimento.
Neste cenário, é sempre bom contarmos a história de quem já “chegou lá” e não tem medo de compartilhar alguns conhecimentos. Este mês em que falamos de saúde e bem estar, entrevistamos Ginivaldo Batista, da Drogaria da Vovó. Ele nos conta um pouco de sua história, relata os desafios do mercado, e nos conta, com muita clareza, como é empreender em uma farmácia. Um apoio significativo para quem quer empreender nesta área ou está em busca de inspiração para melhorar sua empresa. Confira.
1.Vamos começar com uma inspiração para outros empreendedores do segmento. Gostaríamos de saber um pouco de sua história. Conte para a gente, no início de sua carreira, você já se imaginava no negócio de farmácia? Como tudo aconteceu para você?
Nunca me imaginei no varejo, principalmente no ramo de Drogaria. Com a maioria dos pequenos empreendedores, tudo acontece por a caso. No meu caso, não foi diferente. Eu morava no interior de Minas Gerais. Precisamente em Bom Sucesso. Eu vim para Belo Horizonte a convite de meu irmão mais velho para trabalha e terminar os estudos. Comecei como funcionário em uma loja que vendia frios, frango e peixe. Fique nesse ramo 5 cinco anos. Um outro irmão já estava trabalhando no ramo de medicamentos. Foi quando surgiu uma oportunidade para eu ser vendedor de medicamentos similares. Em 2002, na cidade de Esmeraldas, tivemos a ideia de abrir uma drogaria. Foi aí que tudo começou. Com muita luta e sacrifício conseguimos inaugurar a primeira loja, em 7 de outubro de 2002. Depois de 3 anos, abrimos a primeira filial, na cidade de Sabará. E, daí para a frente, abrimos mais 4 lojas. Hoje temos seis drogarias. Quatro em Sabará e duas em Esmeraldas, totalizando 90 colaboradores.
2. A concorrência no mercado farmacêutico parece muito acirrada e competitiva. Como você direciona o posicionamento de sua farmácia nesse mercado, para se destacar e conseguir se comunicar com o público de seus produtos e serviços?
Sempre falo que concorrência é bom. Faz a gente pensar mais. E nos tira da zona de conforto. Mas, para isso, precisamos analisar os pontos fracos da concorrência e fazer melhor que eles. Meu posicionamento tem dois pontos principais. Além de ter preço diferencial nos produtos geradores de fluxo e uso continuo, prezo muito pelo atendimento. Por isso, estamos sempre reciclando os colaboradores, a prestação serviços como aferição de pressão e glicemia, a entrega gratuita e também o crediário próprio. Por estarmos no interior, tudo isso é um diferencial. Mas é preciso ter muito cuidado sempre, especialmente se não tiver um sistema de controle bom. Pois isso pode transformar tudo em um péssimo negócio.
3. A tecnologia faz parte de muitos negócios e, aos poucos, tem se tornado diferencial importante para alguns empreendimentos. De que forma a tecnologia favorece os negócios do mercado farmacêutico? Como a tecnologia facilita a gestão do negócio?
Sem tecnologia é impossível ter sucesso nesse mercado de hoje. Por isso, estamos bem informatizados. Nossa rede é toda interligada com as seis lojas, central de compras, contabilidade interna, remarcação, os P D V´s. Tudo falando a mesma linguagem.
4. Seguindo a linha do posicionamento. Conte para a gente: o que você faz em sua farmácia, que torna difícil, improvável e até mesmo impossível, que o cliente substitua seu serviço? Ou, de que forma você prende seu cliente para sempre?
Vejo que preço aliado a um bom atendimento e prestação de serviço nos trazem grandes chances de fidelizar o cliente à drogaria.
5. As mídias sociais são uma realidade forte no mercado brasileiro. E falar com o cliente por meio delas é sempre um desafio para os negócios. Como você utiliza as mídias em seu negócio? Você conhece boas experiências em whatsapp de farmácias? Se sim, pode nos falar um pouco dele?
Utilizamos sim as redes sociais para comunicar com nossos clientes. Mas ainda é tudo muito novo, apesar do crescimento que vemos a cada dia. Esse é um ponto que precisamos trabalhar muito nesse ano de 2018. Mais um desafio que temos para nos aproximarmos do cliente.
6. Durante a existência de uma empresa, ela passa por diversas etapas. No segmento farmacêutico, quais são os riscos mais recorrentes que os negócios correm e de que forma é possível reduzi-los?
Vejo que uma empresa que trabalha bem atenta ao mercado pode ter dificuldades sim, mas não seria motivo de fechar. O que quebra uma drogaria hoje é o próprio dono, quando ele não tem os números da empresa em mãos para tomar as decisões necessárias. Muitas das vezes não separar o que é da empresa e o que é particular contribui para prejudicar o negócio. Desde o primeiro dia da Drogaria da Vovó, nunca misturei as minhas despesas pessoais com as da empresa.
7. Nada do que qualquer empresa faz é exclusivo por muito tempo, neste sentido, como os negócios de farmácia se protegem da concorrência? É possível inovar para isso, ou o caminho é de associar-se a modelos de sucesso?
Inovar sempre é uma palavra-chave para nós. E também buscar o associativismo. Ou até mesmo mudar para um modelo de franquia. É preciso estar atento a tudo que nos é possível.
8. Atualmente vemos modelos de negócio no segmento farmacêutico que se aproximam muito de mercados. Outros, preferiram manter a tradição do mix de produtos focados em soluções para a saúde. Como você avalia esses dois modelos e quais são as vantagens de cada um?
Penso que hoje o grande desafio para proprietário que estão no mercado a muito tempo é adequar seu mix de produto. Isto porque os medicamentos em si já não representam a principal receita de uma drogaria.
9. Como as ações das farmácias são organizadas durante o ano? Existe um cronograma de atividades para implantar o planejamento estratégico?
Seguimos sim sempre cronograma em todas as áreas da drogaria.
10. Com tantas farmácias em todas as cidades, parece impossível abrir uma nova. Qual conselho você daria para alguém que quer iniciar neste segmento? O caminho são as franquias? Ou ainda é possível ter um negócio próprio no segmento?
Se a pessoa que for abrir não tiver nenhuma vivencia no ramo, meu conselho é iniciar por meio de associativismo ou até mesmo com franquia. Isso facilita o aprendizado e também o desenvolvimento do negócio.
11. Em uma situação de crise, como ocorreu em 2017, como o segmento farmacêutico se organiza? Há união dos pequenos varejistas para manter a competitividade?
Não há união entre drogaria. Não existe muito diálogo. Agora, quando você faz parte um associativismo ou até mesmo com franquia, aí sim, de uma forma tímida, existe sempre uma troca de experiência. Muitas vezes donos de drogaria querem só absorver as experiências que deram certo. Mas não querem compartilhar nada do negócio que têm. Parece que ainda há medo de compartilhar e, com isso, criar um concorrente.
12. A equipe é um fator de importância nas empresas, como você mantém sua equipe motivada e de que forma lida com desligamentos?
Sempre reciclando e capacitado, não tenho muito turnover.
13. A inovação é uma busca constante de qualquer negócio que queira sobreviver no mercado. Como você percebe a inovação no segmento farmacêutico em Minas Gerais? O que há de mais novo no mercado para quem quer se atualizar ou diferenciar?
Existem muitos cursos e treinamentos gratuitos pela internet. E até mesmo o Sebrae tem ajudado muito com projeto Farmácia Atual. Eu mesmo já fiz o projeto. E por meio dele, implantei e colhei ótimos frutos. É preciso estar de olho no que existe e se atualizar sempre.
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