Musica autoral como negócio

03/05/2017 | Empreendedorismo

Ah, a música! Ela nos faz sonhar, não é mesmo. E sabe aquela sensação de que seus sonhos com estão a dois passos de distância? Léo Moraes já viveu isso. Ao final dos anos 1990, sua banda estava prestes a assinar com uma grande gravadora quando veio o boom do MP3 e o digital virou de ponta cabeça o mercado discográfico mundial. “Foi como se houvesse uma ponte que levasse ao sucesso e nós estivéssemos sobre ela, no meio do trajeto, a ponte ruiu.” aponta o músico.

Além do modelo de sucesso anterior ter entrado em colapso, não se sabia como seria o novo mercado. Nunca mais os números de discos vendidos seriam os mesmos, os contratos com gravadoras mudaram completamente, e, naquele momento, era muito difícil entender quais seriam os novos rumos. Léo é da geração que construiu o mercado musical contemporâneo, onde se exige muito planejamento e trabalho para se manter um negócio.

E crescer com a música não foi fácil…

Mas a decisão de trabalhar com música tinha sido tomada e dela nascia o empreendedor criativo: um profissional que persegue objetivos desafiantes, que são importantes para si mesmo, acima dos padrões em vigor.

O primeiro resultado desse esforço foi o estúdio Pato Multimídia, onde passou a gravar e produzir não só seus trabalhos, mas de vários músicos da cena independente de Belo Horizonte. Ali, percebeu que a colaboração era a saída: havia talento sem visibilidade e ele tinha conhecimento e experiência. O projeto seguinte foi o lançamento de um selo colaborativo, para distribuir a obra de artistas que passavam pelo estúdio.

Léo entende a própria carreira como uma série de projetos, que cria a partir de uma lógica de oportunidade e necessidade. Da decisão de trabalhar com música veio o estúdio, da falta de quem lançasse música independente veio o selo, da necessidade de eventos nasceu o Festival Transborda e assim por diante.

Tudo é feito para fortalecer o mercado de música autoral que sofreu muito com a queda das gravadoras. Antigamente, embora precisasse de muito dinheiro, havia um trabalho de base com artistas que vendiam menos, mas eram apostas. Hoje, existe uma distância muito maior entre os artistas “médios” e os pops. É claro que há vantagens que o digital proporciona, mas também é necessário um esforço maior por parte do artista. ” É nisso que ele acredita e por isso que trabalha.

E como se trabalha…

“Ser músico faz com que o dono da casa de show entenda melhor o profissional que chega para se apresentar. Ser produtor de festival faz o músico entender melhor quem produz eventos e por aí vai. O fato de um projeto existir, faz com que os outros sejam mais ricos. E me impulsiona.” E assim, transitando com determinação e criatividade pelo empreendedorismo e pela cultura, Léo vai realizando o próprio sonho de ter controle sobre sua carreira e não depender de outras pessoas para trabalhar.

Em 2015, uniu-se a dois sócios e deu seu passo mais ousado, lançar uma casa noturna voltada para a música. A inauguração da casa de shows A Autêntica , voltada para bandas independentes. Além fomentar a cena musical da capital mineira com shows autorais, uma vez por semana, o local oferece o palco completamente montado para apresentação de artistas iniciantes, mediante inscrição gratuita, feita no mesmo dia. Um pontapé na carreira de quem deseja mostrar o talento ao público de música autoral.

Os vários projetos e a clara versatilidade não são tornam Léo Moraes imune às dificuldades. Ele afirma ter pensado em desistir várias vezes por perceber que o ambiente para o empreendedorismo ainda é muito hostil, com uma legislação que mais dificulta que ajuda, muita frustração, muito “não”. Dentre os obstáculos, cita a parte burocrática, principalmente na Autêntica, como o grande desafio. “Ainda bem que tenho sócios. Lidar com produtos, funcionários, é um pouco desgastante às vezes. Tenho dois sócios. Um mora em Viçosa. No dia a dia eu e Bernardo estamos mais presentes. Ele consegue ter a organização que a gestão exige. ”

Sucesso é…

Hoje, mais que uma fórmula, um modelo ou um volume de dinheiro no bolso, o objetivo das ações e dos negócios de Léo é outro: “Não enxergo o empreendedorismo tendo o dinheiro como fim. Se o dinheiro é o objetivo final, a chance de fazer algo realmente inovador é muito menor. Se ninguém fez, a princípio, é porque não é um bom negócio. Aqui, pensamos muito no dinheiro, porque ele é o que nos permite realizar ações, mas ele em si não é o fim. Obviamente, queremos um retorno financeiro, mas nossa meta é fortalecer a cena musical contemporânea, que tem um potencial muito grande, ainda pouco explorado. Queremos ter chance e dar chance para novos trabalhos acontecerem. ”

E assim, de iniciativa em iniciativa, novas pontes vão sendo construídas e outros sons se fazem ouvir.

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