Bancos, fornecedores e impostos: que dívidas pagar primeiro?

23/01/2018 | Finanças

Imagine a seguinte situação: após um período de faturamento mais baixo, um empreendedor tem diversos compromissos financeiros atrasados. Eles estão ligados a bancos, fornecedores e impostos.

As dívidas se acumularam e agora ele não sabe quem pagar primeiro. Os bancos enviam mensagens e a dívida cresce ao sabor dos juros. O contador avisa que os impostos devem ser pagos para não cair em dívida ativa. Os fornecedores cancelam as entregas. Quem pagar primeiro?

A primeira atitude é fazer um diagnóstico da situação. É importante conhecer a realidade das finanças do seu negócio e também das finanças pessoais. Afinal, ficou tudo misturado em momento de aperto financeiro. Também é necessário avaliar tudo que se deve a bancos, fornecedores ou impostos.

Ainda tem a pressão das contas pessoais que também foram impactadas… atrasos em escolas dos filhos, cartões de crédito e financiamentos de carro, imóveis. Ufa! É dívida para todo lado!

Ao longo de minha carreira como consultor e palestrante, identifiquei que após momentos de muita pressão, na primeira melhora do faturamento, as pessoas podem tomar decisões que comprometem sua recuperação e até saúde financeira. Vou citar alguns exemplos que demonstrar que pequenos detalhes fazem toda a diferença.

1º Caso: Sem produto

Ao final de 2017, estive com dois sócios de uma distribuidora de cosméticos. Eles começaram em 2014 com recursos de empréstimos pessoais. Bateram de porta em porta em salões de beleza e viram o negócio prosperar. Chegaram a ter uma distribuidora faturando muito bem, e ainda 3 lojas de varejo.

Os bons resultados estimularam compras. Financiaram carros para entregas e cresceram muito em 2015. Entretanto, em nenhum momento constituíram reserva financeira.

Em 2016, sentiram uma retração no mercado.

Em 2017, devido ao compromisso dos alugueis de três lojas, diminuíram os funcionários da distribuidora e focaram no varejo. Em novembro de 2017, refinanciaram os carros que estavam praticamente quitados. Com essa operação, levantaram mais de sessenta mil reais.

Entre bancos, fornecedores e impostos, o recurso foi usado para regularizar contas atrasadas com os primeiros. Porem, não quitaram nada com fornecedores e ficaram em dezembro, período de maior faturamento do varejo, sem produtos nas lojas.

2º Caso: Vou desistir

O segundo caso traz um empreendedor dono de um açougue. Após uma palestra ele me disse:  “Erasmo você disse que a pior decisão é fechar as portas, mas eu não aguento mais a pressão de bancos, as dificuldades. Eu vou fechar.”

Novamente, entre bancos, fornecedores e impostos, temos um caso com os primeiros. Perguntei a ele como era o negócio e descobri que ele era o negócio: de açougueiro a administrador.

Conversando, ele falou que tinha separado dois mil reais para pagar algumas contas pessoais atrasadas. O plano era fechar e procurar emprego.

Minhas orientações foram: “procure o seu fornecedor, compre dois mil reais em carne e volte para a loja. Faça todas as vendas em dinheiro. Repita isso, sempre reservando o valor para compra de carne da semana no fornecedor.”

Também sugeri que ele começasse a pagar as contas somente com a sobra. O negócio sobreviveu e o empreendedor está acertando todo o passivo desta forma, somente com o lucro da operação.

3º Caso: Consegui um emprego!

Este é um caso para suas finanças pessoais. Tenho um amigo que ficou desempregado por um ano (algo mais comum do que gostaríamos). Ele me perguntou: “Erasmo quem eu devo pagar primeiro? Estou com a vida financeira toda atrasada. Se você não me orientar, vou pagar quem chegar lá em casa primeiro, entre bancos, fornecedores e impostos!”

A essa altura, você já consegue imaginar qual foi minha orientação para as dívidas dele?

Casos diferentes, solução similar

A orientação que passei em todos os casos foi: pague aquilo que é essencial para a sobrevivência do seu “ganha pão”.

Toda dívida contraída deve ser honrada, seja com bancos, fornecedores e impostos. A inteligência está em definir prioridades de forma que o pagamento de um credor não impeça você de continuar “faturando”.

No primeiro caso: É lógico que tem que pagar banco, impostos, funcionários, carros, mas o que adianta ter loja e carros para entrega sem ter produtos para vender?

No segundo caso, fechar não era solução. Isto porque é açougue que dá ao nosso empreendedor, condições de pagar suas contas. Fechar no vermelho significaria nome sujo. O que dificulta ser aprovado em boas vagas. Significaria meses de procura – não há como prever se a reserva seria suficiente. Com a proposta da nova abordagem, ele na realidade voltou ao começo de tudo: comprando e vendendo à vista. Com o lucro obtido, vai quitando as contas atrasadas sem comprometer o negócio.

No terceiro caso, o novo empregado deve ter tudo para garantir um bom trabalho no novo emprego. Garanta a sua alimentação, aparência, transporte para chegar no horário e garantir um bom desempenho. Com o que sobrar você vai quitar os problemas financeiros criados pelo desemprego.

Em todos os casos, até para empresas e pessoas sem dívidas, o interessante é a construção de uma Reserva Financeira. Tanto para seu negócio, quanto para sua vida pessoal. Reservas Financeiras nos permitem investir no momento certo e aproveitar as oportunidades do mercado.

Viva Melhor com seu dinheiro!

$ucesso sempre.

Erasmo Viera

Palestrante e Consultor Financeiro

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